quarta-feira, 15 de julho de 2009

E lá por casa começámos.

Primeiro a explicação inicial quanto à formação da Bíblia, a introdução ao AT, explicando como a organização é lógica e não cronológica e como todos os livros acabam por ser obras colectivas, tantos os retoques que vão sofrendo ao longo do tempo.
Lemos a introdução ao Pentateuco, que por vezes é um pouco redundante com a do AT e também a do livro dos Genesis.
Vimos a primeira narração da criação do mundo. Primeira porque a ela se segue outra, mais centrada no homem, sendo estas duas narrações claramente independentes na forma como apresentam as coisas. Há, pois, sobreposição entre Gn 1, 26 - 31 e Gn 2.
Primeira nota: outra forma de contar o tempo, de sol a sol. começando com este a pôr-se: veio a tarde depois a manhã, foi o ... dia.
Segunda: a alimentação carnívora parece ser sentida como uma violência. A criação anterior ao pecado original seria herbívora, de acordo com Gn 1, 29-30 v. nota pp (pé depágina)

Terceira nota: "Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus: Ele os criou homem e mulher. " Gn 1, 27
Esta ideia do ser relacional é forte: A imagem de Deus como relação e a relação homem/mulher como imagem de Deus. H e M em absoluta igualdade, transfigurados na relação.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Uma oração

É a minha primeira contribuição para uma ideia muito bonita. Obrigada Nuno!
De repente, aqui à mão, encontrei esta oração...
Pai de misericórdia e Deus de toda a consolação: pedimos-Te que nos confirmes na vocação, na adoração e na fidelidade. Consagramo-nos à tua divina Palavra e à tua santa Lei, nós que hoje nos queremos aproximar de Ti e receber de Ti a luz do entendimento e da piedade.
Fortalece-nos Senhor, com a tua força e ilumina a nossa alma com a tua consolação, para que sejamos dignos da verdade da fé que nos foi pregada pelos Apóstolos, e dos maravilhosos ensinamentos do Evangelho do nosso Salvador, Cristo Jesus, não somente nas palavras, mas também nas acções e em todo o nosso proceder, realizando obras merecedoras de recompensa.
Ajuda-nos, a conservar, procurar e contemplar os bens do céu e não os da terra, a fim de que neste espírito e pela tua acção seja dada glória ao teu poder omnipotente, santíssimo e digno de todo o louvor, em Jesus Cristo, o Filho predilecto, com o Espírito Santo, nos séculos dos séculos. Ámen.

Oração escrita em papiro, do Egipto

quinta-feira, 25 de junho de 2009

"A Bíblia é antes de tudo um território literário."

A Bíblia é antes de tudo um território literário. De origem oral, as suas histórias eram contadas e conservadas de geração em geração. A dada altura passou-se à escrita dessas histórias. A conservação por escrito não foi apenas um ditado, houve uma procura da palavra exacta, da palavra luminosa capaz de explicitar significados que não são simplesmente instrumentais - como se se procurasse que a palavra fosse também um lugar da criação. Por exemplo, no Génesis conta-se que Deus criou o mundo pela palavra e, de certa forma, o autor do Génesis, ao contar a criação do mundo pela palavra, o modo como o faz é tão prodigioso, tão intenso que é como se o mundo voltasse a ser recriado quando o livro foi escrito e de cada vez que é lido. Aquele conjunto de palavras, aquela composição quase musical de palavras, permite-nos sondar o imperscrutável, o mistério, a origem que é sempre um lugar sem palavras, mas que estas palavras como que nos dão a ver. É nesse sentido que a Bíblia é um lugar literário, porque sendo constituída por um conjunto amplo de livros (porque a Bíblia não é um livro, é uma biblioteca), é também um lugar para o qual conspiraram dezenas de escritores, entre eles grandes poetas, poetisas, e o génio do povo hebraico, um povo de narradores. A Bíblia é por isso uma espécie de grande reservatório de experimentação de escritas pelo que encontramos ali todos os géneros. Desde tratados políticos a memórias familiares, de vozes solitárias e dos exilados às canções de corte, de textos proféticos às palavras segredadas de juramentos e rezas. A Bíblia é um lugar de experimentação literária. Para um leitor do século XXI, reencontrar-se com a Bíblia é de certa maneira reencontrar-se com o poder da escrita.
José Tolentino Mendonça

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Conta-me mais,

que tipo de comentários esperas no novo blog? - foi a pergunta de uma dos participantes.

Tudo o que as pessoas quiserem: pode ser uma mera opinião sobre uma passagem, ou até um breve resumo, ou uma interpretação sua, ou uma ligação com outra passagem, ou pode ser um poema, ou um conto, ou uma imagem sobre aquela passagem. Pode ser uma analogia com uma situação actual, uma polémica, uma oração, uma dúvida, uma citação.

O que quiserem que o espaço é vosso.

Mas afinal qual é a ideia?

É simples: ando um bocadinho farto de conhecer a Bíblia aos bochechos.
OK, OK, Já sei que a Bíblia é para ser rezada, que é preciso ter atenção às especificidades de cada texto, que há teias de remissões e referências cuja percepção é essencial para a interpretação.Para isso arranjei uma boa Bíblia - a dos Capuchinhos.
Mas estou farto de conhecer a floresta árvore a árvore. Quero ter uma visão de conjunto.
E depois pensei: se calhar não sou só eu. Talvez seja enriquecedor ter uma visão de conjunto, mesmo de conjunto.
Por isso decidi abrir um "desafio de leitura partilhada" a outras pessoas.
Para mim vai ser importante tomar notas, para não me perder, porque o texto é grande e desconexo e porque essas notas e comentários me vão ser úteis em muitos outtros projectos.
Espero que outros desafiados sintam o mesmo e participem.
Se eu fosse dado a modas dizia que isto era um projecto colaborativo. Como não sou digo só que é uma ideia em aberto. Gostava que dessem opinião sobre outras rubricas ou ideias: espero a colaboração de todos.
Gostaria que as etiquetas mantivessem um sistema simples: além de uma genérica, os nomes dos livros da Bíblia e uma outra: ArteSacra.